A Comissão e o Banco Central europeus e o Fundo Monetário Internacional (FMI) terminaram as quatro inspeções realizadas neste ano às finanças lusas
Lisboa – O resgate de Portugal não conseguiu conter a piora de sua crise econômica em 2012, um ano no qual os mercados afrouxaram a pressão sobre o bônus do país enquanto a população se mostra cada vez mais irritada com os três anos de austeridade.
A Comissão e o Banco Central europeus e o Fundo Monetário Internacional (FMI) terminaram as quatro inspeções realizadas neste ano às finanças lusas com elogios ao cumprimento do programa de ajustes, e Portugal é considerado o melhor aluno da “troika” formada por esses órgãos.
Além disso, os juros dos bônus lusos a dez anos, que servem de referência no mercado, entraram no último mês do ano com uma taxa abaixo de 7,5%, um nível não visto desde março de 2011, um mês antes de Lisboa pedir ajuda à UE e ao FMI.
O maior sinal de confiança para com Portugal mostrado pelos mercados, que em fevereiro chegavam a exigir 17% de juros para comprar os bônus lusos, faz muitos analistas pensarem que o país poderia se financiar só no final de 2013, quando acabarem os fundos do resgate.
Mas a aprovação exterior dos fortes cortes de despesa estatal aplicados desde 2010 para reduzir à metade o déficit luso (5% em 2012), não impediram um agravamento dos problemas internos de Portugal.
A recessão se acentuou ainda mais neste ano, com uma queda do PIB superior a 3%, o desemprego bateu o recorde de 16% até se tornar o terceiro mais alto da Europa e os conflitos sociais se fizeram sentir como nunca nas ruas e no Parlamento português.
Em menos de 18 meses no poder, o primeiro-ministro conservador, Pedro Passos Coelho, enfrentou duas greves gerais e vários protestos, alguns deles violentos.