OCDE reduz previsão de crescimento global por riscos da zona do euro

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Crescimento deve ser de 2,9% este ano, sobre previsão anterior de 3,4%.
Sobre Brasil, crescimento para este ano deve ser o menor dos Brics, prevê.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) cortou suas previsões para o crescimento global nesta terça-feira (27), alertando que a crise da dívida na zona do euro é a maior ameaça à economia mundial. Com relação ao Brasil, a taxa de crescimento prevista para este ano é a menor dos Brics.

À luz do cenário econômico ruim, a OCDE pediu que os bancos centrais se preparem para mais afrouxamento monetário excepcional se os políticos não conseguirem dar respostas críveis à crise da dívida.

Em seu relatório semestral Perspectivas Econômicas, o órgão previu que a economia global crescerá 2,9% este ano, antes de expandir 3,4% em 2013. A estimativa marcou uma forte queda desde a última projeção da OCDE em maio, de 3,4% para este ano e de 4,2% em 2013.

Com relação ao Brasil, a OCDE projeta crescimento de 4% em 2013, acelerando-se em relação à alta de 1,5% esperada para o PIB neste ano. Para 2014, a organização projeta expansão de 4,1% para o PIB brasileiro.

A taxa de crescimento prevista para o Brasil neste ano, contudo, é e a menor dos Brics (grupo composto também por China, Rússia, Índia e África do Sul).

Para a China, a OCDE espera um avanço de 7,5% em 2012, seguido por altas de 8,5% do PIB em 2013 e de 8,9% em 2014. A Índia deve acelerar-se de 4,5% neste ano para 5,9% em 2013 e 7% em 2014, enquanto a Rússia deve crescer 3,4% em 2012, 3,8% em 2013 e 4,1% em 2014. A África do Sul deverá avançar 2,6% em 2012, 3,3% em 2013 e 4,0% em 2014.

Zona do euro
A zona do euro está enfrentando dois anos de contração econômica, enquanto os Estados Unidos correm o risco de entrar em recessão se os parlamentares do país não chegarem a um acordo para evitar uma combinação de aumentos de impostos e cortes orçamentários que entrarão, caso contrário, em vigor no ano que vem.

Desde que o impasse em Washington seja superado, a maior economia do mundo irá crescer 2% por cento no ano que vem, estimou a OCDE, cortando sua projeção de 2,6% em maio. Para este ano a previsão é de 2,2% (contra os 2,4% previstos em maio).

“O abismo fiscal norte-americano é uma fonte muito importante de preocupação, mas o maior risco continua sendo a zona do euro”, afirmou o economista-chefe da OCDE, Pier Carlo Padoan, em entrevista à agência Reuters.

“A razão para isso não é apenas recessão, mas também o fato de que diferentes ciclos de política negativa entre dívida soberana, a situação bancária e riscos de saída permanecem. Portanto a região como um todo continua num estado de fragilidade.”

Ao cortar suas estimativas, a OCDE prevê agora que a economia da zona do euro irá contrair 0,4% este ano e outro 0,1% no ano que vem, apenas retornando ao crescimento em 2014, com uma taxa de 1,3%.

A OCDE alertou que condições financeiras divergentes dentro da união monetária europeia ameaçam dividi-la se as autoridades falharem em conter a crise da dívida.

“A zona do euro, que está testemunhando pressões de fragmentação significativas, pode estar em perigo”, escreveu Padoan no prefácio do relatório, pedindo que os políticos superem os obstáculos sobre um único supervisor bancário liderado pelo Banco Central Europeu (BCE).

Dada a fraqueza das perspectivas da economia global, a OCDE alertou os governos sobre serem muito zelosos em seus apertos orçamentários e recomendou que Alemanha e China façam até mesmo estímulos temporários de gastos para reanimar o crescimento.

Apoio de bancos centrais
Com muitas das principais economias fraquejando, Padoan afirmou que seria prematuro para os bancos centrais tirarem da mesa qualquer medida de afrouxamento monetário neste momento.

“Eles devem estar preparados para fazer mais no curtíssimo prazo se as coisas se deteriorarem”, disse Pardoan à Reuters.

Ele apontou o BCE como o primeiro candidato a tomar mais ação, dizendo que este tem escopo para cortar sua principal taxa de juros em 0,25 ponto percentual, da atual mínima recorde de 0,75%.

O BCE deve também considerar estabelecer uma taxa de depósito negativa e enviar um forte sinal aos mercados sobre suas intenções de taxas de juros no longo prazo, afirmou a OCDE.

O banco central alemão tem sido um oponente declarado ao BCE tomar mais ações excepcionais para colocar a crise da dívida sob controle, em parte por causa de preocupações de que liquidez adicional pode impulsionar a inflação.

“Nós acreditamos que os temores de que liquidez excessiva pode alimentar a inflação no curto prazo são inapropriadas”, disse Pardoan.

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